MECÂNICA E TOPOLOGIA GRACELI DAS DEFORMAÇÕES [TRANSFORMAÇÕES].
TOPOLOGIA DAS DEFORMAÇÕES.
QUE TRATA DAS DEFORMAÇÕES EM RELAÇÃO AO TEMPO, MOVIMENTO, ESTADOS FÍSICOS E QUÍMICOS [DE GRACELI] MEIOS FÍSICOS E OBSERVADORES EM RELAÇÃO AO POSIÇÕES E MOVIMENTOS]. OU SEJA: N-DIMENSIONAL
VEJAMOS.
Mecânica dos sólidos é o ramo da Mecânica do contínuo que estuda comportamento deformável dos sólidos. Neste contexto a matéria é constituída por um meio contínuo de posições bem definidas, de modo que deformações, translações e rotações possam ser bem descritas e dissociadas para análise. A mecânica dos sólidos utiliza tensores para descrever tensões, deformações e as relações entre estas quantidades.
A partir da mecânica dos sólidos é possível prever o comportamento do sólido sob a ação de forças de contato, gradientes de temperatura, campos gravitacionais, campos eletromagnéticos entre outros agentes internos e externos. Dessa forma ela se mostra uma ferramenta fundamental para engenheiros, na concepção de máquinas, edificações e outros produtos; para a geologia e para muitos ramos da física, tal como ciência dos materiais. Há ainda aplicações específicas em muitas outras áreas, como para entender a anatomia de seres vivos, e o projeto de próteses dentárias e implantes cirúrgicos.
Mecânica do contínuo Estudo da física de materiais contínuos | Mecânica dos sólidos Estudo da física de materiais contínuos com uma forma de repouso definida. | Elasticidade Descreve materiais que retornam à sua forma de repouso depois que as tensões aplicadas são removidas. | |
Plasticidade Descreve materiais que se deformam permanentemente após uma tensão aplicada superar um determinado limite. | Reologia Estudo de materiais com características de sólido e fluido. | ||
Mecânica dos fluidos Estudo da física de materiais contínuos que se deformam quando submetidos a uma força. | Fluidos não newtonianos não apresentam taxas de deformação proporcionais às tensões cisalhantes aplicadas. | ||
Fluidos newtonianos apresentam taxas de deformação proporcionais às tensões cisalhantes aplicadas. |
Deformação
Deformação de um corpo é qualquer mudança na configuração geométrica do corpo que leve a uma variação de suas formas ou dimensões. Diversos fatores podem influenciar, tais como geometria, propriedade dos materiais e forças externas, permitindo classificá-las de acordo com sua natureza. Existem três classificações principais, uma quanto magnitude (pequenas ou grandes deformações), outra quanto a sua natureza multidirecional (isotropia ou anisotropia) e outra ainda quanto a seu comportamento elástico ou plástico.
A análise de pequenas deformações é passível de modelos relativamente simples que envolvem cálculo e álgebra. Contudo, a análise de grandes deformações exige métodos mais sofisticados através de análise numérica. Ainda, para muitos materiais (principalmente metais), há uma proporcionalidade entre tensão e deformação, um comportamento previsto pela Lei de Hooke.
Tensão
Tensão é a grandeza tensorial física que representa os esforços internos dentro de um corpo.
Análise de equilíbrio
De acordo com os enunciados da física newtoniana, um corpo, após sofrer a ação de um carregamento t e uma deformação ε, deverá estar em um novo estado de equilíbrio de forças de acordo com a equação:
Análise de esforços
Para uma dada força de corpo t aplicada a face de área A e vetor normal n de um corpo, haverá um esforço interno σ para equilibrar este corpo.
Este tensor tensão guarda toda a informação de tensões do corpo e pode ser utilizado para análise de falha deste corpo sobre qualquer carregamento conhecido.
Em física e engenharia, a deformação de um corpo contínuo (ou de uma estrutura) é qualquer mudança da configuração geométrica do corpo que leve a uma variação da sua forma ou das suas dimensões após a aplicação de uma ação externa (solicitação), a exemplo de uma tensão ou variação térmica que altere a forma de um corpo.[1] As deformações por tensão podem ser classificadas basicamente em três tipos:
- deformação transitória ou elástica
- deformação permanente ou plástica
- ruptura.
Na deformação elástica, o corpo retorna ao seu estado original após cessar o efeito da tensão. Isso acontece quando o corpo é submetido a uma força que não supere a sua tensão de elasticidade (Lei de Hooke)
Na deformação plástica, o corpo não retorna ao seu estado original, permanece deformado permanentemente. Isso acontece quando o corpo é submetido à tensão de plasticidade, que é maior daquela que produz a deformação elástica. Portanto, há a ocorrência ou transição da fase elástica para a fase plástica do corpo que está submetido.
Na deformação por ruptura o corpo rompe-se em duas ou mais partes. A ruptura acontece quando um corpo recebe uma tensão inicialmente maior daquela que produz a deformação plastica; essa tensão tende a diminuir após o início do processo.
A forma de aplicação das tensões varia em relação a reação de apoio ou inércia do corpo; elas podem ocorrer por tração, compressão, cisalhamento, flexão e torção:
- Tração
- solicitação que tende a alongar o corpo e ocorre no sentido inverso ao apoio ou inércia resultante do sistema de forças (semelhante aos cabos de aço de um guindaste);
- Compressão
- solicitação que tende a encurtar o corpo e ocorre no mesmo sentido da reação de apoio ou inércia resultante do sistema de forças (semelhante às colunas de uma construção);
- Cisalhamento ou corte
- solicitação que tende a cortar o corpo e ocorre com o deslocamento paralelo em sentido oposto de duas seções contíguas (semelhante ao corte de uma tesoura ou guilhotina);
- Flexão
- solicitação que tende a girar um corpo e ocorre quando a tensão tende a uma rotação angular no eixo geométrico do corpo e tangencial ao apoio ou inércia (semelhante a um trampolim de piscina);
- Torção
- solicitação que tende a torcer o corpo; ocorre quando a tensão tende a uma rotação angular sobre o eixo geométrico do corpo e axial ao apoio ou inércia (semelhante ao eixo cardã dos caminhões).
Elasticidade (mecânica dos sólidos)
Em física e engenharia, o termo elasticidade designa a propriedade mecânica de certos materiais de sofrer deformações reversíveis, deformações elásticas quando se encontram sujeitos à ação de forças exteriores e de recuperar a forma original se estas forças exteriores se eliminam.
Fundamentação teórica
A elasticidade é estudada pela 'teoria da elasticidade, que por sua vez é parte da mecânica de sólidos deformáveis. A teoria da elasticidade (TE) como a mecânica de sólidos (MS) deformáveis descreve como um sólido (ou fluido totalmente confinado) se move e deforma como resposta a forças exteriores. A diferença entre a TE e a MS é que a primeira só trata sólidos em que as deformações são termodinamicamente reversíveis.
A propriedade elástica dos materiais está relacionada, como se tem mencionado, com a capacidade de um sólido de sofrer transformações termodinâmicas reversíveis. Quando sobre um sólido deformável atuam forças exteriores e este se deforma se produz um trabalho destas forças que se armazena no corpo em forma de energia potencial elástica e portanto se produzirá um aumento da energia interna. O sólido se comportará elasticamente se este incremento de energia pode realizar-se de forma reversível, neste caso dizemos que o sólido é elástico.
Teoria da Elasticidade Linear
Um caso particular de sólido elástico se apresenta quando as tensões e as deformações estão relacionadas linearmente, mediante a seguinte equação constitutiva:
Quando isso ocorre dizemos que temos um sólido elástico linear. A teoria da elasticidade linear é o estudo de sólidos elásticos lineares submetidos a pequenas deformações de modo que os deslocamentos e deformações sejam "lineares", ou seja, que os componentes do campo de deslocamentos u sejam muito aproximadamente uma combinação linear dos componentes do tensor deformação do sólido. Em geral um sólido elástico linear submetido a grandes deslocamentos não cumprirá esta condição. Portanto a teoria da elasticidade linear só é aplicável a:
- Sólidos elásticos lineares, nos que tensões e deformações estejam relacionadas linearmente (linearidade material).
- Pequenas deformações, é o caso em que deformações e deslocamentos estão relacionados linearmente. Neste caso pode usar-se o tensor deformação de engenhariapara representar o estado de deformação de um sólido (linearidade geométrica). Que é uma simplificação do tensor deformação linear de Green-Lagrange que é usado também para grandes deformações.
Devido aos pequenos deslocamentos e deformações a que são submetidos os corpos, se usam as seguintes simplificações e aproximações para sistemas estáveis:
- As tensões se relacionam com as superfícies não deformadas
- As condições de equilíbrio se apresentam para o sistema não deformado
Para determinar a estabilidade de um sistema tem-se de apresentar as condições para o sistema deformado.
Tensão
A tensão em um ponto se define como o limite da força aplicada sobre uma pequena região sobre um plano π que contenha o ponto dividido da área da região, ou seja, a tensão é a força aplicada por unidade de superfície e depende do ponto escolhido, do estado tensional do sólido e da orientação do plano escolhido para calcular o limite. Pode provar-se que a normal ao plano escolhido nπ e a tensão tπ em um ponto estão relacionadas por:
onde T é o chamado tensor tensão, também chamado tensor de tensões, que fixada uma base vetorial ortogonal vem a ser representado por uma matriz simétrica 3x3:
onde a primeira matriz é a forma comum de se escrever o tensor tensão em física e a segunda forma usa as convenções comuns em engenharia. Dada uma região em forma de ortoedro com faces paralelas aos eixos coordenados situados no interior de um sólido elástico tensionado, as componentes σxx, σyy e σzz dão conta de alterações de longitude nas três direções, mas que não deformem os ângulos do ortoedro, enquanto que os componentes σxy, σyz e σzx estão relacionados com a distorção angular que converteria o ortoedro em um paralelepípedo.
Deformação
Em teoria linear da elasticidade dada a pequena dimensão das deformações é uma condição necessária para poder assegurar que existe uma relação linear entre os deslocamentos e a deformação. Sob essas condições a deformação pode ser representada adequadamente mediante o tensor deformação infinitesimal que vem a ser dado por:
Os componentes da diagonal principal contém as deformações normais nas três direções consideradas, de alongamento ou encurtamento, enquanto que as demais componentes do tensor significam as distorções ou deformações angulares. Os componentes estão linearmente relacionados com os deslocamentos mediante esta relação:Equações constitutivas de Lamé-Hooke
As equações de Lamé-Hooke são as relações constitutivas de um material elástico linear e têm a forma:
Em notação indicial (notação de Einstein) o somatório apresentado na equação anterior pode ser ignorado, pois a própria notação já pré-supõe as somas. No caso de um problema unidimensional, σ = σ11, ε = ε11, C11 = E e a equação anterior se reduz a:
onde E é o módulo de elasticidade longitudinal ou módulo de Young e G o módulo de elasticidade transversal ou módulo de cisalhamento. Para caracterizar o comportamento de um sólido elástico linear e isotrópico se requerem, além do módulo de Young, outra constante elástica, chamada relação de Poisson (ν) e o coeficiente de dilatação térmica (α). Por outro lado, as equações de Lamé para um sólido elástico linear e isotrópico podem ser deduzidas do teorema de Rivlin-Ericksen, que podem escrever-se na forma:Certos materiais mostram um comportamento só aproximadamente elástico, mostrando por exemplo variação da deformação com o tempo ou fluência lenta. Estas deformações podem ser permanentes ou após removidas as cargas do corpo podem desaparecer (parcial ou completamente) com o tempo (viscoplasticidade, viscoelasticidade). Além disso, alguns materiais podem apresentar plasticidade, ou seja, podem chegar a exibir pequenas deformações permanentes, pelo que as equações anteriores em muitos casos tampouco constituem uma boa aproximação do comportamento destes materiais.
Equações de equilíbrio
As equações de equilíbrio se dão basicamente pelo somatório de forças igualado a zero (em um caso estático). Existem dois tipos de força:
Forças de Corpo: Atua em todos os pontos do corpo, internos e externos. É uma força por unidade de volume.
,sendo a força de corpo.
Forças de Superície: Força distribuída aplicada na superfície do corpo, cuja unidade é força por unidade de área.
,sendo a força de superfície distribuída.
Dentro das forças de superfície, existem as força de superfície interna, que representam as interações internas entre partes adjacentes de um corpo.
Equilíbrio interno
Quando as deformações não variam com o tempo, podemos igualar o somatório de forças com zero. Aplicando o somatório de forças sobre um pequeno volume , limitado por uma superfície em torno de um ponto temos:
Utilizando a fórmula de Cauchy
- , onde é o sentido da superfície normal à força. Posso escrever:
Utizando o Teorema da divergência tenho:
E assim pode-se escrever:
Como pode ser menor que qualquer valor arbitrado:
O qual implica que campo de tensões dado pelo tensor tensão representa um estado de equilíbrio com as forças de corpo b = (bx,by,bz) em todo ponto do sólido,assim o campo de tensões satisfaz estas condições de equilíbrio:
Equilíbrio no contorno
Além das últimas equações devem cumprir-se as condições de contorno, sobre a superfície do sólido, que relacionam o vetor normal à mesma n = (nx,ny,nz) (dirigido para o exterior) com as forças por unidade de superfície que atuam no mesmo ponto da superfície f = (fx,fy,fz):
Problema elástico
Ver artigo principal: Problema elástico
Um problema elástico linear fica definido pela geometria do sólido, as propriedades de tal material, as forças atuantes e as condições de contorno que impõe restrições ao movimento do corpo. A partir desses elementos é possível encontrar um campo de tensões internas sobre o sólido (que permitirá identificar os pontos que suportam mais tensão) e um campo de deslocamentos (que permitirá encontrar se a rigidez do elemento resistente é a adequada para seu uso).
Para solucionar o problema elástico são necessárias as noções que tem sido descritas nas seções anteriores, que descrevem as tensões, as deformações e os deslocamentos de um corpo. Todas estas grandezas são descritas por 15 funções matemáticas:
- Os seis componentes do tensor de tensões e .
- Os três componentes do vetor de deslocamentos: .
- Os seis componentes do tensor de deformações: e .
Para comprovar se cumprem-se estas relações, formadas por 15 funções, o seguinte passo é comprovar se as relações descritas até agora bastam para descrever completamente o estado de um corpo. Uma condição necessária para isto é que o número de equações disponíveis coincida com o número de incógnitas. As equações disponíveis são:
- As três equações de equilíbrio de Cauchy.
- As seis equações de compatibilidade de Saint-Venant, que asseguram que se os deslocamentos e deformações estão adequadamente relacionados.
- As seis equações constitutivas, para um material elástico linear isotópico e homogêneo estas equações são dadas pelas equações de Lamé-Hooke.
Estas 15 equações igualam exatamente o número de incógnitas. Um método comum é substituir as relações entre deslocamentos e deformações nas equações constitutivas, o qual faz que se cumpram as equações de compatibilidade trivialmente. Por sua vez o resultado desta substituição pode ser introduzida nas equações de equilíbrio de Cauchy o que converte o sistema anterior em um sistema de três equações em derivadas parciais e três deslocamentos como incógnita.
Desta maneira se chega a um sistema de 15 equações com 15 incógnitas. A formulação mais simples para resolver o problema elástico é a chamada formulação de Navier. Esta formulação reduz o sistema a um sistema de três equações diferenciais para os deslocamentos. Isto se obtém inserindo nas equações de equilíbrio as equações próprias do material (chamadas equações constitutivas), as equações dos deslocamentos e as equações das deformações. Assim podemos expressar nosso sistema de equações em um sistema de três equações diferenciais parciais. Se o reduzimos até os componentes do vetor de deslocamentos chegamos às equações de Navier:
que com o operador Nabla e o operador de Laplace são escritas como:
Mediante considerações energéticas, pode-se demonstrar que essas equações apresentam uma única solução.
Elasticidade e projeto mecânico
Em engenharia mecânica é frequente propor-se problemas elásticos para decidir a adequação de um projeto. Em certas situações de interesse prático não é necessário resolver o problema elástico completo, bastando apresentar-se um modelo simplificado e aplicar os métodos da resistência de materiais para calcular aproximadamente tensões e deslocamentos. Quando a geometria envolvida no projeto mecânico é complexa a resistência de materiais pode ser insuficiente e a resolução exata do problema elástico inabordável do ponto de vista prático. Nesses casos se usam habitualmente métodos numéricos como o método dos elementos finitos para resolver o problema elástico de maneira aproximada.
Um bom projeto normalmente incorpora requisitos de:
- resistência adequada,
- rigidez adequada,
- estabilidade global e elástica.
Teoria da Elasticidade não Linear
Em princípio, o abandono da hipótese de pequenas deformações obriga a usar um tensor deformação não-linear e não-infinitesimal, como na teoria linear da elasticidade onde se usava o tensor deformação linear infinitesimal de Green-Lagrange. Isso complica muito as equações de compatibilidade. Além disso matematicamente o problema se complica, porque as equações resultantes da anulação desse suposto incluem fenômenos de não-linearidade geométrica (flambagem, abaulamento, snap-through,...).
Se, além disso, o sólido em estudo não é um sólido elástico linear, temos de substituir a equações de Lamé-Hooke por outro tipo de equações constitutivas capazes de dar conta da não-linearidade material. Além das mencionadas existem outras não-linearidades em uma teoria da elasticidade para grandes deformações. Resumindo as fontes de não linearidade seriam:[1]
- O tensor deformação não se relaciona linearmente com o deslocamento , concretamente é uma aplicação quadrática do gradiente de deformação: .
- Para muitos materiais a equação constitutiva é não-linear.
- As equações de equilíbrio sobre o domínio ocupado pelo sólido, escrito em termos do segundo tensor de Piola-Kirchhoff são não lineares: y . Onde é o difeomorfismo que dá a relação entre os pontos antes e depois da deformação.
- Em alguns casos, como as cargas mortas as forças que aparecem nos segundos membros das equações expressadas no domínio de referência incluem não linearidades, por exemplo quando na configuração deformada aparece uma pressão normal à superfície, isso comporta que
- As condições de incompressibilidade, de positividade do jacobiano da deformação, ou da injectividade no caso de contatos que conduzem à autopenetração do sólido deformado também impõe equações adicionais que se expressam em forma de equações não-lineares.
Deformação
Uma deformação elástica finita implica um alteração de forma de um corpo, devido à condição de reversibilidade essa alteração de forma vem representada por um difeomorfismo. Formalmente se representa a forma do corpo antes de deformar-se e a forma do corpo depois de deformar-se, a deformação é dada por um difeomorfismo:
O tensor deformação pode definir-se a partir do gradiente de deformação que não é outra coisa que a matriz jacobiana da transformação anterior:
Existem diversas representações alternativas conforme se escolham as coordenadas materiais iniciais sobre o corpo sem deformar (X, Y, Z) ou as coordenadas sobre o corpo deformado (x, y, z):
O primeiro dos dois tensores deformação recibe o nome de tensor de deformação de Green-Lagrange, enquanto que o segundo deles é o tensor deformação de Almansi. Além destes tensores nas equações constitutivas, por simplicidade de cálculo, se usam os tensores de Cauchy-Green direito e esquerdo:
Equações constitutivas
Existem muitos modelos de materiais elásticos não lineares diferentes. Entre eles se destaca a família de materiais hiperelásticos, no qual a equação constitutiva pode ser derivada de um potencial elástico W que representa a energia potencial elástica. Este potencial elástico comumente é uma função dos invariantes algébricos do tensor deformação de Cauchy-Green:
- Neste tipo de materiais o tensor tensão de Cauchy é dado em função do potencial elástico e o tensor espacial de Almansi mediante a expressão:[2]
Onde:
Um material elástico linear é um caso particular do anterior onde:
- [3]
Aproximação até segunda ordem
Se desenvolve-se [3] até primera ordem se obtem a equação constitutiva da elasticidade linear para um sólido isotrópico, que depende só de duas constantes elásticas:
Onde nessa expressão assim como nas seguintes se aplicará a convenção da soma de de Einstein para sub-índices repetidos. Um material cuja equação constitutiva tem a forma linear anterior se conhece como material de Saint Venant-Kirchhoff. Se desenvolve-se a expressão [3] até segunda ordem então aparecem mais quatro constantes elásticas:
Um material cuja equação constitutiva é dada pela equação anterior se conhece como material de Murnaghan.[3] Em componentes se tem:
Ou, equivalentemente:
Onde:
- é a deformação volumétrica.
O modelo de Murnaghan anterior representa a generalização mais óbvia de um material de Saint Venant-Kirchhoff, ainda que na prática seja de interesse limitado a expressão anterior, já que Novozhilov[4] mediante argumentos termodinâmicos sugere que a resposta de um material só deve conter potências impares do tensor deformação.
Referências
- ↑ Philippe C. Ciarlet, Mathematical Elasticity, Vol. 1, pp. 250-251.
- ↑ J. R. Atkin & N. Fox, 1980, p. 65-67.
- ↑ Murnaghan, F. D. (1937): "Finite deformations of an elastic solid", en American Journal of Mathematics, 59, pp. 235-260.
- ↑ V. V. Novozhilov (1953): Foundations of Non-linear Theory of Elasticity, Graylock Press, Rochester
Bibliografia
- Ciarlet, Philippe G. (1988). Mathematical Elasticity: Volume I: Three Dimensional Elasticity (em inglês). [S.l.]: North-Holland. ISBN 0-444-81776-X
- Atkin, Raymond John; Fox, Norman (1980). An introduction to the Theory of Elasticity (em inglês). [S.l.]: North-Holland. ISBN 0-486-44241-1
Mecânica do contínuo |
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Em física e engenharia, se denomina tensão mecânica ao valor da distribuição de esforços resistentes a cargas solicitantes por unidade de área dentro de um corpo material ou meio contínuo que age de modo a impedir ou imprimir a movimentação e limitar a deformação que é o fenômeno pelo qual se propaga.
Na mecânica dos meios contínuos, tensão é uma medida da intensidade das forças internas agindo entre as partículas de uma seção transversal imaginária de um corpo de material deformável. Essas forças internas são forças de reação contra as forças externas aplicadas no corpo. Forças externas são ou forças de superfície ou forças de campo.[2] Como o corpo deformável carregado é admitido como contínuo, as forças internas são distribuídas continuamente por dentro do volume do corpo material, ou seja, a distribuição de tensões é expressa com uma função contínua de coordenadas espaciais e temporais.
A unidade em SI para tensão é o pascal (símbolo Pa), que é uma medida de força por unidade de área. A unidade da tensão é a mesma que a da pressão. Grandezas de engenharia são normalmente medidas em megapascals (MPa) ou gigapascals (GPa). Em unidades inglesas, tensão é expressa em libras-força por polegadas quadradas (psi) ou Quilolibras-força por polegadas quadradas (ksi).
Um caso particular é o de tensão uniaxial, que se define em uma situação em que se aplica força F uniformemente distribuída sobre uma área A. Nesse caso a tensão mecânica uniaxial se representa por um escalar designado com a letra grega σ (sigma) e é dada por:
Sendo as unidades [Pa] (pascal = [N/m²]), [MPa] = 106 [Pa] ou [MPa] = [N/mm²].
A situação anterior pode estender-se a situações mais complicadas com forças não distribuídas uniformemente no interior de um corpo de geometria mais ou menos complexa. Nesse caso a tensão mecânica não pode ser representada por um escalar.
Considera-se um corpo submetido a tensão e se imagina um corte mediante um plano imaginário π que o divida em dois, sobre cada ponto do plano de corte se pode definir um vetor tensão tπ que depende do estado tensional interno do corpo, das coordenadas do ponto escolhido e do vetor unitário normal nπ ao plano π. Nesse caso se pode provar que tπ e nπ estão relacionados por uma aplicação linear T ou campo tensorial chamado tensor tensão:
É análoga ao fenômeno elementar Pressão que ocorre nos fluidos, utilizando inclusive a mesma unidade, considerando não apenas forças perpendiculares ao plano ou seção considerada mas também forças oblíquas e tangenciais a esse plano ou seção, que o sólido é capaz de suportar.
Classificação
As tensões classificam-se como de tração, de compressão (tensões normais) ou de cisalhamento (tensão tangencial ou de corte).
O esforço de flexão ou Momento Fletor é um caso particular de tração e compressão agindo juntos na mesma seção, causando deformações predominantes nas faces opostas do corpo ou estrutura e menores deformações e consequentes tensões na parte central, se anulando no seu eixo de inércia. A unidade de medida é a força multiplicada pela distância de aplicação.
O conjunto de pontos de tensão nula no interior do copo flexionado é denominado Linha neutra.
No esforço de torção predomina a tensão de cisalhamento angular, e como na flexão, causa maiores deformações e consequentes tensões nas faces ou bordas externas da peça, corpo ou estrutura, se reduzindo na parte central onde as deformações são menores, se anulando na linha neutra localizada no eixo de inércia onde não há deformação.
Mecanismo
Todo corpo solicitado por uma força ou pela resultante de um conjunto de forças quaisquer se deforma gerando tensão(ões) internas.
As tensões operam em dois regimes distintos: No regime Elástico ou no regime Plástico.
Tensões menores que determinado limite característico de cada material denominado de limite de elasticidade do material, operam no regime elástico, provocando deformações elásticas em que o corpo volta às dimensões originais quando cessada a força. O intervalo de tensões no regime elástico pode ser maior ou menor, sendo uma característica de resistência do material denominada elasticidade. Tensões neste regime trabalham na faixa de proporcionalidade onde as deformações são proporcionais às tensões.
Tensões maiores que a do limite de elasticidade levam ao regime plástico onde causam deformações permanentes quando cessada a solicitação. Neste regime há grande deformação com tensão constante ou com pouca variação. O intervalo de tensões no regime plástico pode ser maior ou menor, sendo uma das características de resistência do material denominada ductilidade.
Tensão extrema, maior que determinado valor característico de cada material, denominado limite de ruptura, causará o colapso ou ruptura do corpo, peça ou estrutura que se caracteriza pela desagregação das partes que o compõe.
Em engenharia a tensão nos metais estruturais como o aço carbono e alumínio atuantes no regime plástico são chamadas tensões de escoamento por levar a um estado onde as moléculas se reorganizam, absorvendo e re-distribuindo esforços. Esta tensão varia pouco em um intervalo relativamente longo de deformação permanente. Estruturas de concreto armado bem dimensionadas são projetadas para trabalhar neste regime ao serem submetidas a solicitações críticas. É consenso que se devem deformar exageradamente por escoamento do aço (estrutura sub-armada) revelando a sobrecarga antes do colapso final e desabamento inadvertido por fragmentação e esmigalhamento do concreto (estrutura super-armada).
Condições de temperatura alteram a estrutura cristalina da matéria influenciando a deformabilidade ou capacidade de suportar tensões.
Cálculo das tensões
Em seções ou planos específicos do material ou quando a tensão não variar com as seções consideradas é estudada através de gráfico denominado diagrama tensão deformação onde as tensões são anotadas nas ordenadas e as deformações nas abcissas. A inclinação da reta resultante no regime elástico configura o Módulo de Elasticidade do material, que então nada mais é do que a deformação sofrida por unidade de força suportada e absorvida. O Módulo de Elasticidade, representado pela letra E é então a rigidez do material, outra de suas medidas de resistência.
Em seções paralelas diversas o estudo é feito através de diagramas de Momento Fletor M, diagrama de força cortante representado pela letra grega tau τ e diagrama de força normal representado pela letra grega sigma σ, onde o eixo horizontal representa as seções analisadas e o vertical as forças atuantes que são iguais às tensões resistentes conforme a terceira lei de Newton, também chamada de lei da ação e reação.
O princípio básico é que ao se cortar uma estrutura em qualquer lugar, e removendo-se uma das partes, substituindo esta pelos esforços que exerce sobre a outra, se as forças solicitantes (cargas e peso próprio) e os esforços resistentes (tensões) no plano qualquer da estrutura não fossem iguais, o corpo estaria em movimento.
Estes gráficos denotam principalmente as tensões máximas e respectivas seções solicitadas que são dados essenciais para cálculo e dimensionamento da estrutura.
Em estudos mais avançados utiliza-se o Círculo de Mohr para o cálculo das tensões atuantes em cada plano interno de qualquer inclinação denominado seção.
Os materiais em geral suportam muito bem a tensão de compressão, menos à tensão de cisalhamento e são de pouca resistência à tensão de tração. Para uma ideia da enorme diferença de resistência nota-se que a matéria do núcleo dos planetas suporta o peso do astro inteiro absorvendo apenas tensões de compressão.
A tensão de compressão originada por força atuando ao longo de um só eixo causa deformações diferenciais que geram outros esforços internos causando o rompimento por tensões de tração e/ou cisalhamento.
Unidades de tensão
A unidade de tensão é força por unidade de área. No Sistema Internacional de Unidades é o pascal, também unidade de pressão.
1 Pa = 1 N/m2 (newton por metro quadrado)
1 Pa = 0,1 kgf/m2 (0,10197 kilograma-força por metro quadrado)
No estudo da resistência dos materiais as unidades usuais são o MPa ( Megapascal ) e o Kgf/cm2 (Quilograma-força por centímetro quadrado).
Referências
- ↑ Walter D. Pilkey, Orrin H. Pilkey (1974). Mechanics of solids. [S.l.: s.n.] 292 páginas
- ↑ Chen, Wai-Fah (2007). Plasticity for structural engineers. Baltimore: J. Ross Publishing. pp. 46–71. ISBN 1932159754
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